23 de jun. de 2007

Galeria com fotos e vídeos

Photobucket Album

Filme baseado no romance

Ficha Técnica

Título Original: Dom
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 91 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2003
Estúdio: Diler & Associados / Warner Bros.
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Moacyr Góes
Roteiro: Moacyr Góes
Produção: Telmo Maia e Diler Trindade
Música: Ary Sperling
Fotografia: Toca Seabra
Direção de Arte: Paulo Flaksman
Edição: João Paulo Carvalho

Elenco

Marcos Palmeira (Bento)
Maria Fernanda Cândido (Ana)
Bruno Garcia (Miguel)
Malu Galli (Heloísa)
Thiago Farias, Luciana Braga, Leon Góes, Walter Rosa, Nilvan Santos, Gustavo Ottoni, Ivan Gradin, Isa Shering, Cláudia Ventura, Ana Abott

Sinopse

Bento (Marcos Palmeira) é um homem cujos pais, apreciadores de Machado de Assis, resolveram batizá-lo com este nome em homenagem ao personagem homônimo do livro "Dom Casmurro". Tantas vezes foi justificada a razão da homenagem que Bento cresceu com a idéia fixa de que seria o próprio personagem e destinado a viver, exatamente, aquela história. Até chamava sua amiga de infância no Rio de Janeiro, Ana (Maria Fernanda Cândido), de Capitu. Seus amigos, conhecedores do seu sentimento de predestinação, lhe apelidaram de Dom. Bento e Ana separaram-se quando a família do menino mudou-se para São Paulo. Já adulto, Bento foi trabalhar como engenheiro de produção e vinha freqüentemente ao Rio. É lá que Dom reencontra a sua Capitu e dali renasce o romance da infância, só que, agora, avassalador.

Enredo de Dom Casmurro

A história do livro começa pelo final e acontece em flash-back; Dom Casmurro, já velho e solitário, tenta recuperar, através da memória, as lembranças de sua infância-adolescência: o amor por Capitu, o medo do seminário, a ligação com a mãe viúva e com os familiares, os amigos, o casamento feliz e depois desfeito, a transformação do menino puro, ingênuo, feliz (Bento Santiago) no velho solitário, frustrado e infeliz (Dom Casmurro).

A narrativa constrói-se a partir de uma pseudo-autobiografia de D. Casmurro - Bento Santiago, evocada através das impressões que lhe ficaram gravadas na memória; começa pelo fim. Dom Casmurro, com 55 anos, tenta juntar as duas pontas da vida e reconstituir na velhice a adolescência - e desenvolve-se em flash-back, com idas e vindas no tempo, desde os 14 anos de idade.A reconstrução da casa constitui-se em uma metáfora de reconstituição da própria vida, assim como a escritura do livro manifesta a necessidade de auto-analisar-se, de tentar conhecer a verdadeira Capitu, de justificar a atitude do marido que repudia a mulher por acreditá-la adúltera e rejeita o próprio filho.

Personagens de Dom Casmurro

Bento e CapitolinaSão os protagonistas da obra e são caracterizados de forma muito dramática.Crescem juntas, apaixonam-se, fazem planos, casam-se e separam-se - mas trata-se de personalidades contrastantes e complementares: são personagens esféricas:
Capitu (Capitolina)Seu perfil é pincelado paulatinamente no transcorrer do livro.Aos 14 Bento vê Capitu como uma adolescente atraente, mãos bem cuidadas, e, apesar de pertencer a classe social inferior, detentora de vários encantos.Mas é a dimensão moral de Capitu que demanda pintura e análise minuciosas. Caracterizam-na alguns aspectos importantes:Olhos de cigana oblíqua e dissimulada(visão de José Dias, e se pensarmos que os olhos são o espelho da alma...);Olhos de ressaca(sensação de Bentinho, apaixonado e atraído pela força irresistível desses olhos);Fria e calculista (acusações de prima Justina, que inveja Capitu); Inteligência viva, sagaz; extrema capacidade de reflexão e ascendência sobre o menino (... era muito mais mulher que eu homem); Capacidade de simular e/ou dissimular sentimentos e emoções, auto-controle diante de situações comprometedoras ou conflituosas (o episódio do muro; do 1º beijo; da ida do menino para o seminário; do cavaleiro desfilando diante de sua janela etc); Traços físicos e morais semelhantes aos da mãe de Sancha;O nome: Capitolina tanto lembra Capitólio quanto capitã, caput, cabeça...Trata-se, pois, de personagem densa e rica, pela maneira ambígua, parcial e freqüentemente contraditória com que D. Casmurro a retrata (através de impressões de pessoas que a invejavam ou não gostavam dela, e de seu ressentimento de marido traído; por outro lado, mulher fascinante e encantadora de cuja presença e amor nunca conseguiu esquecer-se, num sentimento ambíguo nos limites do amor e do ódio/desprezo).
Bento SantiagoPseudo-autor, narrador e personagem principal. Seu nome já sugere alguns traços de personalidade (Bento + Santiago - abençoado e predestinado pela mãe ao sacrifício religioso). O menino cresce acreditando que vai ser padre, ingênuo e submisso, é preciso que outras pessoas revelem a ele seu amor por Capitu.Principais traços de seu comportamento:Excesso de subjetividade, emocionalismo e temperamento sonhador;Submissão total à vontade da mãe;Demora no amadurecimento psicológico devido à superproteção familiar;Encantamento e dependência total em relação a Capitu;Insegurança e incapacidade de auto-domínio em situações de tensão;
O relacionamento estranho com Escobar desde o seminário.Ciúme doentio e descontrolado, motivo principal de seus sofrimentos: somado à imaginação e falta de objetividade, tal sentimento faz com que se acredite traído pela mulher e pelo amigo e destrói-lhe a vida e a felicidade, transformando-o num velho pessimista, amargo, cético em relação a tudo e a todos.Nas suas evocações, para cada prova de culpabilidade de Capitu o próprio narrador sugere sucessivas contraprovas, deixando o leitor desnorteado.
EscobarEscobar aparece a Bentinho como um garoto de modos fugitivos que cessavam quando ele queria e que, com o tempo, foi conquistando-lhe a confiança e a alma.Bem mais decidido que Bentinho, Escobar apresentava rara habilidade intelectual, raciocínio rápido e gostava de comércio - via o seminário apenas como etapa da vida. Longe da família, que morava no Paraná, tomava as decisões por sua conta e risco.Sua aproximação com a família do amigo apresenta traços de ambigüidade. Conquista logo a confiança e a amizade de quase todos, apesar da ressalva sobre seus olhos fugidios e das insinuações de prima Justina - de que lhe interessava o dinheiro de D. Glória. Usando de um artifício, consegue saber de Bentinho sobre o montante da fortuna dos Santiago.O narrador apresenta-o como um protótipo de pessoa esperta e calculista se aproveita das relações de amizade para subir na vida e, inescrupulosa, capaz de trair friamente seu melhor amigo. Mesmo depois de morto, influi decisivamente na dissolução da vida do casal Bento-Capitu.
José DiasTipo humano com traços caricaturais de personagem de costumes, agregado à família desde os tempos em que o pai de Bentinho vivia e a quem se apresentara como médico homeopata. Caracteriza-se pela submissão, atitudes de bajulação para conseguir ou manter privilégios e um traço lingüístico - o uso de superlativos.
Dna. GlóriaViúva abastada de Pedro de Albuquerque Santiago, ao perder o 1º filho faz uma promessa de oferecer o segundo a Deus, caso vingasse. Fiel à memória do marido, disfarça a juventude e a beleza com roupas e costumes austeros. Mima o filho, cumulando-o de cuidados. Arrepende-se do sacrifício a que submeteria o filho, e é com alívio e gratidão que estimula o interesse de Capitu e aceita a sugestão de Escobar para livrar o filho do seminário. Matriarca poderosa, aglutina a família ao seu redor e administra seus bens com eficiência. Pode ser identificada como retrato da mulher brasileira do século XIX.As demais personagens - Tio Cosme, Prima Justina, Pádua e a mulher, Manduca, Sancha - constituem parte do universo particular que gravita em torno de Bentinho. Ezequiel Albuquerque de Santiago, o filho tão desejado e depois rejeitado, é visto por D. Casmurro como o bode expiatório do seu fracasso conjugal. Devido à fantástica semelhança com Escobar, constitui-se, ironicamente, na prova científica e definitiva do adultério de Capitu. Inteligente e imitador desagrega a família. Idolatra o pai e nunca conseguiu entender a rejeição e o porquê da separação do casal - vítima inocente que purifica pelo sacrifício os pecados dos adultos.

Biografia de Machado de Assis

Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.
Sem meios para cursos regulares, pois perdeu seus pais muito cedo, estudou como pôde e, em 1855, com 16 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na Marmota Fluminense, jornal de Francisco de Paula Brito, número datado de 12 de janeiro de 1855. No ano seguinte, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo. Em 1859, era revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 60, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral, A Semana Ilustrada, de 16 de dezembro de 1860 até, pelo menos, 4 de julho de 1875, Jornal das Famílias, no qual publicou de preferência contos.
O primeiro volume de Machado de Assis foi impresso, em 1861, na tipografia de Paula Brito, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, mas o nome de Machado aparecia aí como tradutor. Em 1862, era censor teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou também a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. O primeiro romance de Machado, Ressurreição, saiu em 1872. Pouco depois, o escritor foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, iniciando assim a carreira de burocrata que lhe seria até o fim o meio principal de sobrevivência. Em 1874, começou a publicar, em O Globo de então, em folhetins, o romance A mão e a luva. Intensificou a colaboração em jornais e revistas, como O Cruzeiro, A Estação, Revista Brasileira escrevendo crônicas, contos, poesia, romances, que iam saindo em folhetins e depois eram publicados em livros. Uma de suas peças, Tu, só tu, puro amor, foi levada à cena no Imperial Teatro Dom Pedro II, por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura para comemorar o tricentenário de Camões. De 1881 a 1897, publicou na Gazeta de Notícias as suas melhores crônicas. Em 1881, o poeta Pedro Luís Pereira de Sousa convidou Machado de Assis para seu oficial de gabinete. Nesse ano de 1881 saiu também o livro que daria uma nova direção à carreira literária de Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas, que ele publicara em folhetins na Revista Brasileira de 15 de março de 1879 a 15 de dezembro de 1880. Revelou-se também extraordinário contista em Papéis avulsos (1882) e nas várias coletâneas de contos que se seguiram. Em 1889, foi promovido a diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia.
Grande amigo de José Veríssimo, continuou colaborando na Revista Brasileira também na fase dirigida pelo escritor paraense. Do grupo de intelectuais que se reunia na Redação da Revista, e principalmente de Lúcio de Mendonça, partiu a idéia da criação da Academia Brasileira de Letras, projeto que Machado de Assis apoiou desde o início. Comparecia às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1879, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, à qual ele se devotou até o fim da vida.
A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1897-1880). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa. A obra de Machado de Assis foi editada pela Livraria Garnier, desde 1869; em 1936, W. M. Jackson, do Rio de Janeiro, publicou as Obras completas, em 31 volumes. Raimundo Magalhães Júnior organizou e publicou, pela Civilização Brasileira, os seguintes volumes de Machado de Assis: Contos e crônicas (1958); Contos esparsos (1966); Contos esquecidos (1966); Contos recolhidos (1966); Contos avulsos (1966); Contos sem data (1966); Crônicas de Lélio (1966); Diálogos e reflexões de um relojoeiro (1966). Em 1975, o presidente da Academia Brasileira de Letras, organizou e publicou, também pela Civilização Brasileira, as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes, reunindo contos, romances e poesias desse escritor máximo da literatura brasileira.